quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Buscando a Cristo - Gregório de Matos




A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.
 
A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.
 
A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me
 
A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.

Percebe-se que na arte barroca é mais comum vermos a imagem do Cristo sofredor do que a imagem do Cristo vitorioso, ou seja, representa-se mais as marcas de seu sofrimento como homem do que a sua vitória sobre a morte. Com isso as pessoas se envolviam mais emocionalmente. Neste soneto do poeta barroco Gregório de Matos, o eu-lírico volta seu olhar para o Cristo cruxificado e descreve suas marcas e feridas. Contudo, segundo a fé católica, ele morreu para salvar o homem pecador, logo esse sofrimento físico se torna garantia da salvação da alma humana.

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