Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, - não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: - mais nada. |
Em "Motivo", Cecília renuncia ao mundo. Volta a explorar temas clássicos como a efemeridade das coisas e a fugacidade do tempo. Ela canta porque o instante existe e a vida é feita disso. Se define "poeta", nem alegre nem triste. Se mostra matura perante as angústias da vida, pois aproveita a vida cantando enquanto pode.